terça-feira, junho 24, 2008

Uma Frágil Redoma

Estava longe, bem longe. Desligado da realidade. Experimentava um estado latente de inércia e bem-estar. Respirei fundo. Acomodei-me no assento e esperei pela partida. A música, colada aos meus ouvidos, contribuía para esta espécie de realidade paralela. Uma mulher, idosa, sentou-se ao meu lado. Pelo canto do olho percebi que estava a olhar para mim. Tentei disfarçar. Peguei no telemóvel e ajustei os headphones. Pressenti que aquela companheira de viagem não ia ser a mais silenciosa. Temi que a minha redoma fosse quebrada. O vidro era tão frágil, tão frágil, que se partiu rapidamente. A senhora, de cabelo alvo, mexia os lábios na minha direcção. Parei a música e passei o resto da viagem a falar com a D. Maria, simpática e prestável. O percurso foi rápido, a conversa fluiu e acabei por receber um sorriso de despedida…

2 comentários:

marta r disse...

Raras são as pessoas que hoje arriscam partir esse frágil vidro. Ou aquelas que o deixam partir...

Suzi disse...

Ai, que coisinhas mais lindas!!
Você, sua redoma quebrável e Dona Maria. E que viagem gostosinha!

(Depois queres me convencer, num post ou outro, de que tens um mau humor execrável! rsrsrsrs)