quinta-feira, setembro 18, 2008

O Guardador

Estava pacatamente sentado na esplanada. Passava os olhos pelo jornal e bebia um café. Ouvi, do lado direito, uma voz. Não pensei que fosse comigo e deixei-me ficar. Mas a voz voltou a insistir. Uma mulher, ainda jovem, pediu-me por favor que 'deitasse um olhinho' às coisas dela que ia 'num instantinho' buscar o filho ao ginásio ali ao lado. Não me restou outra alternativa, a senhora já estava de pé e em movimento… Olhei para a sua mesa: chaves do carro, um jornal aberto na página dos classificados, um maço de cigarros, um isqueiro, a chávena do café, um copo de água e a mala semiaberta. Fiquei logo em desassossego. Ali estive, mais de 15 minutos, como guardador de bens alheios… Não foi a primeira vez que isto me aconteceu, terei cara de fiel depositário? E se eu fosse um gatuno encapotado?

2 comentários:

1entre1000's disse...

pronto ainda que desconhecido já sei que tens a honestidade estampada no rosto... LOL (sentia falta deste espaço em actividade!!!)

Suzi disse...

Você deve ter cara de alguém mesmo muito confiável, querido! E isso é mesmo muito bom.

Por aqui já se teve notícias de gentes assim, como essa senhora. Mas costumam deixar um bebê, uma criança. E não se passam apenas 15 minutos. Elas, simplesmente não voltam...